Nos primeiros minutos é deixado claro que o casal tem uma relação de amor e ódio. Bêbados e de madrugada eles recebem um casal de amigos que involuntariamente são introduzidos nesse jogo de discussões, confissões e que, a cada momento, vai ficando mais ríspido e violento. O diálogo do filme é rápido e intenso. Martha (Elizabeth) faz do texto uma metralhadora e cada tiro dado acerta seu marido em cheio. Já George (Richard) é frio e calculista, não fala muito, mas quando resolve partir pro ataque vai no ponto fraco.
Além do diálogo de agressões, a edição do filme é uma maravilha a parte. Filmado em preto e branco, o filme possui uma incrível trilha sonora, mesclando sons tristes e tensos conforme o ambiente do local. O detalhismo no cenário dentro e fora de casa é minuciosamente pensado. A fotografia é maravilhosa, sombria. Os posicionamentos das câmeras, a movimentação e os cortes vão se intensificando a medida que as falas ficam mais agressivas.
O longa é uma ótima adaptação do teatro, peça que era considerada intensa demais para o cinema - em tempos que Hollywood criava regras de restrição.
As atuações são incríveis, os protagonistas são amargos e ao mesmo tempo melancólicos e, ainda assim deixam claro sua dependência pelo outro. Nos sentimos dentro daquele mundo louco que vive o casal, sentimos suas dores e irá. A desconstrução e destruição do casal é sublime. É impossível assistir esse filme e não ficar de boca aberta com pessoas tão possessivas e destrutivas. E claro, é impressionante a mudança física que Elizabeth sofreu para protagonizar o longa.
Para fechar, o filme deixa claro que não há ferida maior por aquelas feitas por pessoas que mais sabem sobre nós.
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