segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Oscariando

E alguém duvidada que O Artista venceria nas principais categorias do Oscar? Estava na cara que o filme barato, preto e branco, mudo e que celebrava a maior reviravolta do mundo cinematográfico levaria pelo menos o Oscar de melhor filme. Além de melhor filme, o Artista recebeu o prêmio de melhor ator com Jean Dujardin, figurino, trilha sonora original e direção. O último sem grande surpresa, já que a Academia tem o costume de premiar o diretor do melhor filme.

A Invenção de Hugo Cabret também foi um grande vencedor da noite. Levou cinco estatuetas em prêmios técnicos (fotografia, direção de arte, mixagem, edição de som e efeitos visuais). 
Frustração veio com o prêmio de fotografia, torcia fervorosamente para A Árvore da Vida, mas ficou nas mãos de Scorsese. Que fez por merecer, convenhamos. Porém o que passou entre os dedos dele foi o prêmio de melhor direção.

Num resumo a noite mais glamourosa do cinema mundial foi sem surpresas. Os prêmios de atriz coadjuvante, ator coadjuvante, melhor ator e atriz apenas confirmaram as expectativas do público. 
Na minha opinião a cerimônia continua sendo cansativa. São 3 horas de premiação com uma apresentação que me causa sono. Se ano passado eles tentaram atrair o público jovem colocando James Franco e Anne Hathaway como anfitriões, neste, deram três largos passos para trás colocando Billy Crystal "comediante". Mas o que mesmo me arrancou risadas foi Oscarlinhos Brown.

domingo, 26 de fevereiro de 2012

Graça ou natureza - A Árvore da Vida

          Ame ou odeie. O filme A Árvore da Vida, para mim um dos mais brilhantes concorrendo ao Oscar, divide opiniões. Terrence Malick, diretor do longa, aborda a relação complexa entre homem e natureza, de uma forma reflexiva. É considerado o filme mais religioso da carreira de Malick, desde o primeiro momento notam-se as referências - a figura do pai como castigo, trilha sonora e até no título do filme

Complexo, sem verborragias ou diálogos explicativos, o longa, entra no íntimo da família O'Brien. Um pai rígido, a mãe divina e seus três filhos. A Árvore da Vida aborda as lembranças de Jack, sobre sua criação e escolhas. Mas a viagem vai além de memórias, no longa vamos desde o big bang até o fim dos tempos.
A história não é linear, as imagens se confundem e ideias também. Certos momentos as lembranças não fazem sentido, ou a cena seguinte não se encaixa.

O longa também passou por polêmicas. Críticos dizem que a trama é super estimada. Já que o filme, para eles, é superficial, se apoiando em belas fotografias e uma não linearidade que confunde.
Na realidade A Árvore da Vida é uma obra que deixa a interpretação subjetiva.

O filme é um grande concorrente a melhor filme, mas depois de tantas polêmicas torna-se difícil Malick levar essa.

Silêncio - O Artista

Filmes franceses sempre me encantam, não pelo "glamour" do fato de ser francês, mas pela cultura e inteligência que eles conseguem comandar um filme. O Artista, apesar de francês, foi rodado todo nos EUA, o que, na minha opinião, tirou um pouco daquele ar europeu de cinema.

Concorrendo ao Oscar de melhor filme, O Artista, traz uma trama diferente do mainstream atual, com 3D e milhões de efeitos especiais. Modesto, ele oferece um filme em P&B em formato estranho (igual ao dos filmes antigos), sem esquecer o fato de ser mudo.

Com todos esses diferenciais o filme é sobre um ator de filmes mudos que se vê encurralado e inapto aos filmes com som. Isso me lembrou muito o filme Cantando na Chuva, que tem o fato de uma atriz de filmes mudo, ter a voz muito feia para filmes falados. Não só isso me lembrou o Singing in the Rain, até a cena do sapateado me levou de volta aos anos 50.
N'O Artista uma sacada muito interessante do roteirista foi misturar a ficção e realidade do protagonista George Valentin (Jean Dujardin). Mesmo enquanto não está atuando, a vida de George é muda, isso só troca a partir do momento que ele decide aceitar o novo cinema.

Um alto desse filme, além de todas essas diferenças, é a trilha sonora. Para segurar o espectador durante 1h30min, assistindo um filme sem fala só com uma trilha incrível. O Artista tira isso de letra. O tempo passa e você não se dá conta que hora já se passou. De época, a trilha é toda orquestrada e, o filme faz questão de relembrar, antigamente era ao vivo. Ludovic Bource, o compositor da trilha, recebeu há pouco o Globo de Ouro e o Bafta de melhor trilha sonora, ou seja, candidato de peso ao Oscar.

Além dos principais George e Peppy Miller (Bérénice Bejo), há a participação de um cachorrinho, típico de filmes antigos, que também recebeu o "Oscars" animal. Coleira de ouro como melhor cachorro.
A homenagem ao cinema antigo, a crítica ao estrelismo e as atuações brilhantes fazem o filme de 15 milhões de dólares ser o favorito para o Oscar de melhor filme de 2012.

Paris nas telonas - A invenção de Hugo Cabret

Scorsese me surpreendeu, conhecido pelos seus filmes de máfia e/ou com cenas violentas, nesse, ele ousou. A Invenção de Hugo Cabret - ou apenas Hugo como deveria ser chamado - não é apenas um filme infantil, mas sim uma grande homenagem ao cinema. 
A história gira em torno de Hugo Cabret, sem pais e abandonado pelo seu tio, vive numa torre de relógio na estação Gare du Nord em Paris. Lá, Hugo conserta e acerta os relógios todos os dias. De herança sobrou um estranho autômato, que Hugo tenta remontar com peças roubadas de uma lojinha de brinquedos da estação. Mal ele sabendo que o dono da loja é Georges Méliès, um famoso diretor de cinema.
O filme parece separado em duas partes, a primeira Hugo tentando descobrir o que o autômato tem de tão misterioso e a segunda sobre a vida e obra de Georges Méliès. Scorsese se mostra um grande fã do diretor e, claro, um grande fã do cinema.
 
O ritmo da história não segue uma lógica, em certos momentos parece que de ficção passamos para uma biografia, com fragmentos de filmes do Méliès e explicação de como era o cinema no seu primórdio. Essas cenas parecem intervalos na trama, só faltou o Scorsese colocar uma legenda escrita "é hora de aprender". Mesmo assim, isso não estraga o filme. Chega a ser emocionante ver cenas do Viagem a Lua em HD. A fotografia, figurino e trilha sonora são ótimas. Tudo se encaixa e não há nada de exagerado, Martin Scorsese é perfeccionista em tudo. 

Além de Méliès, Scorsese homenageia, mais modestamente, irmãos Lumière. Deixando a fantasia e o mistério de lado, a estação de trem virava o cinema do cotidiano. Observar a vida do policial, da florista, dos órfãos, dos idosos... Como não rir da primeira projeção de filme dos irmãos Lumière. E não há referência maior do que a estação de trem, como cenário, para homenageá-los.

O filme é um fortíssimo candidato a melhor filme, é o segundo que homenageia o cinema a suas origens. Além de melhor filme, Scorsese é o favorito a levar o melhor diretor.

Eat my Sh... - Histórias Cruzadas


          Sem apelar para cenas de sofrimento ou mortes, Histórias Cruzadas invade o íntimo da vida das empregadas negras numa pequena cidade de Mississipi. Os anos 60's não foram fáceis para os negros daquela região.         

O longa narra a história de Abileen (Viola Davis), Minny (Octavia Spencer) e Skeeter (Emma Stone). Skeeter, branca aspirante a escritora, propõe as empregadas negras escrever um livro, sobre a visão do mundo que elas tem. A partir daí entrevistas são feitas e histórias incríveis são contadas. É um típico drama americano - com a menina malvada e suas seguidoras, a loira louca que não sabe se portar em público e a estranha de bom coração.

A proposta do filme nada mais é que comover. Abileel conta suas histórias - como a morte de seu filho - com muita frieza. Já os momentos de Minny tem um toque cômico, o bastante para não ficarmos com o coração em mil pedaços e chorando antes da segunda hora.

O desenrolar do longa não é muito difícil de imaginar, as empregas encontram empecilhos para darem seus depoimentos, mas por acontecimentos do cotidiano são encorajadas ou instigadas a fazê-los. O filme por fim, torna-se um pouco dramático, mas quem não gosta de um drama histórico de vez em quando.
Para fechar, o filme conta com uma trilha sonora deliciosa e fotografia linda, com muitas cores. Apesar de bem produzido, não é um forte candidato a vencer melhor filme, mas Viola Davis é uma fortíssima candidata a melhor atriz. Assim como Octavia Spencer como coadjuvante, principalmente depois da hilária cena do EAT MY SHIT!

Woooody - Meia-noite em Paris

Seria errôneo chamar Meia-noite em Paris de Rosa Púrpura do Cairo part. II?

Ambos filmes tem o artifício principal em comum: realismo fantástico. Em Meia-noite em Paris, Gil (Owen Wilson) - coincidentemente o mesmo nome do protagonista de Rosa Purpura - está descansando na cidade e visitando os lugares onde seus ídolos do passado estiveram. Ídolos dos anos 20. 
Conforme a história passa algo fantástico acontece: Gil encontra um local onde pode voltar aos anos 20 e conhecer o íntimo de cada artista que é apaixonado. Allen não surpreende. Como de costume, o filme conta com uma incrível fotografia - auxiliada é claro, pela arquitetura incrível de Paris. Uma fotografia tão bem feita, que você sente-se em Paris. Woody é perfeito o bastante para manter todos diálogos cativantes e criar um romance utópico, entre passado e presente. Além, é claro, das referências históricas e aprendizados sobre a cultura europeia. 

O longa é natural, não tem uma história confusa e nem travada, apesar de no final ficar um pouco apressado. A crítica à nostalgia é ótima. Allen não nega que precisamos de lembranças, que às vezes viver um passado pode ser bom. Mas ressalta que viver o presente é necessário e que cada tempo teve seus altos e baixos.  

O filme é adorável e bem produzido, é o reflexo de Woody Allen em forma de filme, mas não é um forte candidato a melhor filme. Minha aposta, para ele, é como roteiro original.

O nerd que virou o jogo - Moneyball


Me pergunto, porquê na hora de traduzir o nome de filmes eles complicam. O Homem que virou o jogo - tradução de Moneyball - é sobre um time de baseball não tão bom assim, que aos poucos, graças a teimosia de Billy (Brad Pitt) consegue algumas vitórias. Como arma secreta, Billy Beane tem a ajuda do recém formado em economia Peter (Jonah Hill), que criou um método matemático para avaliar desempenho dos jogadores.
Na trama, o diferencial fica por conta do baseado em fatos reais. O longa não se detém a mostrar somente jogos, mas o detrás. Negociações e jogos de interesse que acontecem.
A atuação de Brad Pitt e Jonah são ótimas, sendo que, juntos eles aparecem em quase todo filme. O núcleo secundário é mal explorado, com histórias mal desenvolvidas. Na minha opinião, a personagem Casey Beane (Kerris Dorsey) poderia ter sido mais explorada, do que além cantar música bonita.
O ponto fraco da história é não ser atrativa para a maioria dos brasileiros. Não temos proximidade com o esporte e torna-se difícil entender certas peculiaridades, regras e termos...

Ainda sobre o filme, tem-se a crítica da mecanização do esporte. Onde o fator humano é deixado de lado e jogadores viram apenas números.O que normal nos dias de hoje. Além disso, os super salários são discutidos.
É questionável (assim como Cavalo de Guerra) esse filme estar entre os melhores do ano, imagino que seja mais questão cultural norte-americana do que qualidade. 

Fan Made de Spielberg - Cavalo de Guerra


          No três vocês choram, ok?! 1, 2... É assim que nos sentimos assistindo Cavalo de Guerra. Não podemos negar que Spielberg tem um nome de peso, e que move milhões de pessoas só pela sua assinatura num filme. Mas esse me deixou a pensar antes de escolher filmes pelo diretor. Zebra Cavalo de Guerra teve sorte (ou padrinho) para ser um dos indicados a melhor filme .
Com o contexto histórico a 1ª Guerra Mundial, o longa narra história de um menino, Albert e seu cavalo. No início indomável que por fim vira seu melhor amigo. Em tempos ruins e afundado em dívidas, o pai de Albert, compra um cavalo para auxiliar no campo. Pagando caro pelo animal ele se vê obrigado a vendê-lo. Seu filho inconformado promete ao cavalo que de alguma fora irá encontrá-lo. A partir daí, o cavalo passa pelas mãos de inúmeras pessoas em dezenas de lugares.
Com resquícios de Disney, E O Vento Levou e A Menina e o Porquinho o filme tem uma trilha sonora trabalhada na melo dramaticidade, além dos diálogos  serem monótonos e repetitivos. O filme não ter uma característica própria. Ele parece uma colcha de retalhos, onde cada acontecimento se torna um conto separado. Resumindo o filme é sobre: sofrimento animal que no fim sempre foge.

Para mim Cavalo de Guerra é um erro. Uma história infantil, forçadamente adaptada para o "mundo adulto", com muita drama e calculo emocional. Spielberg não precisava disso.

O outro lado de Hawaii - Os Descendentes



          Os Descendentes de início informa: aqui você verá um filme sobre Hawaii, mas sem camisas florais e pranchas de surfe. Na realidade, esqueceríamos fácil que estamos lá se não fosse pela trilha sonora.
Confesso que tenho receio a assistir a filmes que George Clooney é o protagonista. Sim, preconceito meu. Ele é um ator bom, mas acho que às vezes ele se "apoia" do ar galanteador que possui (e, não, não é inveja). Como bom amante do cinema, não deixei de assistir. E afirmo, me surpreendi.
Os Descendentes narra a história de um advogado Matt King (Clooney), que tem sua mulher em coma e uma herança (dividida entre sua família) para gerir. O acidente com sua esposa faz com que sua vida vire de cabeça para baixo, forçando-o a se tornar um pai presente. Com uma filha de 10 anos e outra de 17 - enquanto uma não entende o que é morte, a outra sabe o que significa sexo. O roteiro por si não é algo inovador, é normal, estilo sessão da tarde. Mas o grande porém - esse, o pó de riso do filme - é a revelação que sua mulher tinha um amante. Revelação essa que segue com a cena mais cômica, na minha opinião: George Clooney correndo. Saindo de todos os padrões de um galã (desenvoltura, velocidade, força) ele corre duro, sem ginga ou cara de herói, é hilário. Só por isso ele merecia o Oscar de melhor ator. E o pior, o amante de sua mulher é o imobiliário que pretende comprar a herança de sua família. Um punhado de terra num lugar paradisíaco do Hawaii.
O filme se desenrola suave, sem pressa ou cenas inexas. Isso se deve às semelhanças com a vida real; é fácil narrar uma história que possivelmente pode ou quiçá já aconteceu. Ficamos íntimos da família, temos os mesmo sentimentos e aflições. Fato engraçado que assisti a esse filme no cinema e, quanto mais próximo do fim, mais soluços de choro eu ouvia na sala.
O filme é muito comovente. Cenas que merecem destaque: quando sua filha mais velha Alex (Shailene Woodley) despede-se de sua mãe e nota o quão parecidas são, nos defeitos e nas qualidades. E, claro, quando Matt (Clooney) se despede e enfim desabafa todos os porquês que o afligiram. É impossível não repensar a vida.
Como disse anteriormente, esse filme tem um história bem sessão da tarde, não surpreende, mas é gostoso de assistir. Alexandre Payne soube conduzir belamente essa história. 

O longa concorre ao Oscar de melhor filme, mas é improvável que vença. Quem sabe Clooney leve o de melhor ator. Por fim e finalmente, George Clooney conquistou minha atenção.
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