domingo, 26 de fevereiro de 2012

Paris nas telonas - A invenção de Hugo Cabret

Scorsese me surpreendeu, conhecido pelos seus filmes de máfia e/ou com cenas violentas, nesse, ele ousou. A Invenção de Hugo Cabret - ou apenas Hugo como deveria ser chamado - não é apenas um filme infantil, mas sim uma grande homenagem ao cinema. 
A história gira em torno de Hugo Cabret, sem pais e abandonado pelo seu tio, vive numa torre de relógio na estação Gare du Nord em Paris. Lá, Hugo conserta e acerta os relógios todos os dias. De herança sobrou um estranho autômato, que Hugo tenta remontar com peças roubadas de uma lojinha de brinquedos da estação. Mal ele sabendo que o dono da loja é Georges Méliès, um famoso diretor de cinema.
O filme parece separado em duas partes, a primeira Hugo tentando descobrir o que o autômato tem de tão misterioso e a segunda sobre a vida e obra de Georges Méliès. Scorsese se mostra um grande fã do diretor e, claro, um grande fã do cinema.
 
O ritmo da história não segue uma lógica, em certos momentos parece que de ficção passamos para uma biografia, com fragmentos de filmes do Méliès e explicação de como era o cinema no seu primórdio. Essas cenas parecem intervalos na trama, só faltou o Scorsese colocar uma legenda escrita "é hora de aprender". Mesmo assim, isso não estraga o filme. Chega a ser emocionante ver cenas do Viagem a Lua em HD. A fotografia, figurino e trilha sonora são ótimas. Tudo se encaixa e não há nada de exagerado, Martin Scorsese é perfeccionista em tudo. 

Além de Méliès, Scorsese homenageia, mais modestamente, irmãos Lumière. Deixando a fantasia e o mistério de lado, a estação de trem virava o cinema do cotidiano. Observar a vida do policial, da florista, dos órfãos, dos idosos... Como não rir da primeira projeção de filme dos irmãos Lumière. E não há referência maior do que a estação de trem, como cenário, para homenageá-los.

O filme é um fortíssimo candidato a melhor filme, é o segundo que homenageia o cinema a suas origens. Além de melhor filme, Scorsese é o favorito a levar o melhor diretor.

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